28.1.05

A estrela


Eu caminhei na noite
Entre silêncio e frio
Só uma estrela secreta me guiava

Grandes perigos na noite me apareceram
Da minha estrela julguei que eu a julgara
Verdadeira sendo ela só reflexo
De uma cidade a néon enfeitada

A minha solidão me pareceu coroa
Sinal de perfeição em minha fronte
Mas vi quando no vento me humilhava
Que a coroa que eu levava era de um ferro
Tão pesado que toda me dobrava

(...)

Sozinha me vi delirante e perdida
E uma estrela serena me espantava

E eu caminhei na noite minha sombra
De desmedidos gestos me cercava
Silêncio e medo
Nos confins desolados caminhavam
Então eu vi chegar ao meu encontro
Aqueles que uma estrela iluminava

E assim eles disseram: «Vem connosco
Se também vens seguindo aquela estrela»
Então soube que a estrela que eu seguia
Era real e não imaginada

(...)

E a estrela do céu parou em cima
de uma rua sem cor e sem beleza
Onde a luz tinha a cor que tem a cinza
Longe do verde azul da natureza

Ali não vi as coisas que eu amava
Nem o brilho do sol nem o da água

(...)

Nesse lugar pensei: «Quanto deserto
Atravessei para encontrar aquilo
Que morava entre os homens e tão perto»


Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto (1962)


Continuo em busca da imagem que me fará sentir estas palavras. Voltarei a este post para o completar no entretanto a realidade da Estrela ilumina-me.
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27.1.05

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26.1.05

Dei-me conta que o dia 26 de Janeiro já tem registos neste blog, mais de um ano de Sôfrega. Sinto-me muito nostálgica não só por terem sido uns tempos fantásticos como pela ausência de alimento para a sofreguidão. Encontro-me longe das fontes culturais que tanto gosto, de meios tecnológicos apropriados, pessoas, numa realidade distinta. Hoje mais do que nunca dou valor ao que criei neste último ano.
Estive a revisitar os primeiros dias de actividade bloguista e a sintonia é ainda maior, fartei-me de rir esta miuda criava imensos post´s por dia. Apetece-me voltar aquela descontracção e pureza, aqui fica a ccc de sempre para quem se sintonizar.




Universo Blog

É imenso e não tenho tido oportunidade de o percorrer.Tenho andado a desenvolver o meu pequeno mundo blog e também não queria ser influenciada até ter as ideias minimamente organizadas.
Há tanto para ler...mas hoje consegui viajar um pouco por alguns. Encontrei alguém que em muito me revi. Um outro que me fez sentir "quando crescer também quero ter um igual".ect.
Acima de tudo quero saciar esta sede de conhecimento que me deixa irrequieta, padecimentos de quem é sôfrego. Aos poucos a minha lista de links vai aumentando,aos respectivos criadores um obrigado pela partilha dos seus mundos contagiantes.


POSTED BY CCC AT 26.1.04

Escrita autobiográfica

"... mesmo perdida, vejo como tudo é perfumado e belo.
Mesmo sei saber se jamais chegarei, apetece-me rir e contar em honra da beleza das coisas.
Mesmo neste caminho que eu não sei onde leva, as árvores são verdes e frescas
como se as alimentasse uma certeza profunda.
Mesmo aqui onde a luz poisa leve nos nossos rostos como se nos reconhecesse,
estou cheia de medo e estou alegre..."

Sophia Mello Breyner


POSTED BY CCC AT 26.1.04

O caminho

Caminho apenas porque sei que tenho de caminhar
mesmo sem conhecer o caminho
por onde ando a caminhar.

Dissabores, amores, lágrimas, sorrisos
de tudo um pouco encontrei neste caminho.
Pouco de nós se mantém de pé
tal qual um vendaval tivesse cruzado o meu rumo
e tudo ficasse descoordenado.
Tanto de nós que se perde,
para sempre!

Há quem diga que a isto se chama viver.
Há quem prefira morrer,
para não ter de viver a vida que lhes foi dada.
Há quem não saiba ,ou virá a saber,
algum dia do que a vida é feita.
Há de tudo um pouco neste caminho;

Dividas, Dádivas
Preto, Branco
eu fico pelo cinzento,
neste caminho infinito.

ccc

posted by ccc at 26.1.04

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20.1.05

A maçãzinha deu a dica, fui investigar:

"A banda inglesa Portishead está a trabalhar num novo álbum, o primeiro desde 1997, revelou o músico Geoff Barrow"



Espero que seja desta, tantos rumores e nada até hoje.Nostalgicamente ao som de Undenied , que maravilha.

Your softly spoken words
Release my whole desire
Undenied, totally
And so bare is my heart
I can't hide
And so where does my heart
Belong
Beneath your tender touch
My sense can't divide
Oh so strong
My desire
For so bare is my heart
I can't hide
And so where does my heart
Belong
Now that i've found you
And seen behind those eyes
How can i
Carry on
For so bare is my heart
I can't hide
And so where does my heart
Belong
Belong, belong, belong



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17.1.05



Por do sol Africano by ccc

“serenamente”

Aqui serenamente
Sou feliz
Sem qualquer memória do passado

Sem qualquer cansaço
Mascarado
Ou trevas que encubram
Qualquer escombro

Aqui tudo o que há
É reencontro

De ti tudo o que vem
É quente e súbito

Da tua voz
Amor
Do nosso encontro único


Mª Teresa Horta


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12.1.05




“ Quero, Terei –
Se não aqui,
Noutro lugar que inda não sei.
Nada perdi
Tudo serei ”


Fernando Pessoa
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