19.1.04

Palavras

Habito por de dentro
das palavras

com tectos de saliva
e quartos grandes

na união total
e Humidade
do deslizar a vida
na garganta

habito as manhãs
a cor - o tempo
a curva adocicada da vontade

aquilo que se prende
e apreendo

aquilo que desfaço
e não disfarço

Depois a vastidão
o riso e o sossego
sossego sem ser paz
nem aventura

Respiro o que não tenho
nem viagem

habito o que descubro
e a cidade

O corpo
a revolta
a pele os membros

O ritual interno
e a ternura

E se as palavras tenho
como armas
moldando-as uma a uma
conscientemente
é de habitá-las hoje
que suponho não mais poder
usá-las convinte"
Mª Teresa Horta
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