31.5.04

Memória

"Dividi a minha vida em partes
Construí muros altos
Paredes grossas
Selei hermeticamente portas
Para me dividir
Separar em partes
Ser só
Lembrar só
Aquilo que queria ser.
Mas a força que habita
Esses quartos
Hermeticamente fechados
Minou paredes
Construiu túneis
Invadiu os outros quartos
Que selei, para proteger.
E murmura-me ao ouvido
Ri do meu esforço inútil
E relembra-me a cada instante
Que a memória não se fecha
Não há forma de a apagar
Não há onde me esconder. "
Encandescente



By Lucia Possas

Amarelada pelo uso,
parte de mim inscrita,
letras desfocadas,
entreaberta,
Porta do passado,algum dia deixarás de ser uma passagem ?
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30.5.04



by Rey Lopez


Estar,
nascido no olhar vazio.

Sem tempo,
perde-se o dormir
para manter o sonhar.

Apenas o não ser para dar,
já sendo...


ccc
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29.5.04

La mala educacion

As expectativas eram elevadas mas saí da sala de cinema com aquele nó no estomâgo, Adorei! Não sei se foi o que gostei mais do Almodovar tenho de o rever, está empatado com o "Tudo sobre minha mãe".
Enquanto digeria o filme comentava-se as excelentes interpretações,"qual foi o actor que te marcou mais?"

Fele Martinez

seguido deste jovem actor dificil de esquecer

Nacho Perez


Gostei de muitos momentos de todas as personagens, a caracterização está fantástica, de novo os travestis. Ainda tenho preso na memória o quiçá cantado pelo "Juan", estava lindo, mas o que prendeu desde o inicio a atenção foi a qualidade da imagem. Achei diferente dos anteriores, com uma maior luminosidade, fotografias muito boas. O responsável:JOSE LUIS ALCAINE
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28.5.04

The Gotan Project

Ao ouvi-los inesperadamente, ao tomar café, lembrei-me de um cd que tenho lá em casa


La Revancha del Tango,2001,Ya Basta

Quando conheci o projecto fiquei encantada, adorei aquele tango renascido, achei-os com um bom gosto incrivel, já me contaram que os espectáculos deles são fantásticos. Têm fortes contribuições no projecto, Peter Kruder e Richard Dorfmeister,Thievery Corporation,Basement Jaxx,Jazzanova,United Future Organization,Rainer Truby,Gilles Peterson e Mr.Scruff,...
Hoje estou a ver a sua casa,gostei bastante do design, simplicidade refinada.

Um pouco sobre Eles


"Eram uma vez três amigos de três cantos do mundo. Um, Philippe Cohen-Solal, era francês; dirigia uma editora chamada ¡Ya Basta! e fazia house music. Outro, Christoph H. Mueller, era suiço e conhecido das electrónicas sofisticadas. Trabalhavam juntos como produtores e engenheiros de som. Outro ainda, Eduardo Makaroff, era argentino, guitarrista e vivia em França há dez anos.

Há pouco mais de dois anos juntaram-se à esquina e procuraram um som para um projecto a três. Queriam ter dub e o bandonéon argentino que Piazzolla tanto ajudou a divulgar. À chegada, sem eles próprios saberem muito bem como, inventaram o cibertango — daí o nome Gotan Project ("Gotan" é tango ao contrário no calão de Buenos Aires)"


Gotan Project - Una Música Brutal

Descubrimos vos y yo
En el triste carnaval
Una musica brutal
melodías de dolor

Despertamos vos y yo
Y en el lento divagar
Una música brutal
Encendió nuestre pasión

Dame tu calor
bébete mi amor


By Retorta

Gotan Project - EPOCA

Si desapareció
en mi aparecerá
creyeron que murió
pero renacerá
Llovió,paró,llovió
y un chico adivinó
oímos una voz,y desde un tango
rumor de pañuelo blanco
No eran buenas esas épocas
malos eran esos aires
fue hace veinticinco años
y vos existías,s inexistir todavía
Si desapareció
en mi aparecerá
creyeron que murió y aquí se nace,
aquí la vida renace
No eran buenas esas épocas
malos eran esos aires
fue hace veintinco años
y vos existías
No eran buenas esas épocas
malos eran esos aires
fue hace veinticinco años
y vos existías, sin existir todavía
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27.5.04


by Elangovan S

A quem pertence a palavra para sempre

Somente a ti te digo:
sempre tua

Fonte incessante de saber,
A teu lado uma mulher
Á tua frente uma menina

Vives em mim
Nas maçãs do rosto que herdei,
Na inconsciência do pensar.

A tua escravatura que me concedeu
A liberdade de sentir.
O pertencer-te obrigação
De me inventar,

Oh Homem da minha vida…
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26.5.04

Marilia Campos

esta, sou eu!
a brincar com o scanner.
eu sei, eu sei que faz mal.
mas é mais forte que eu.

é ela mesma,aquela menina que tira umas fotografias bem giras (uma delas já aqui passou) finalmente descobri-lhe a casa.


preciso te beijar

que doçura tens tu
que me faz delirar?
que pecados encerras
nesses lábios de mar?

apetece-me beijá-los.
posso?
apetece-me trincá-los.
deixas?

tanta ternura tens tu
que me faz vibrar
tantas meiguices soletras
num beijo ao luar

apetece-me beijar-te.
posso?
apetece-me trincar-te.
deixas?

escarlates, é o amor.
que me faz viajar
por tanto sonhar
com teu corpo. fervor.

tua boca, doce cantar.
e meu lábios sorrindo
entreabertos pedindo:
os teus quero beijar



By Marilia
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25.5.04



O Programa no qual participam 146 Poetas de Mundo,
Helder Macedo é um deles:



Principiamos onde o outro acaba...

Principiamos onde o outro acaba

pois um ao outro

oferecemos mais

que a verdade consentida a cada um,

a vida inteira descobrindo

nossa

no mistério paralelo revelado.

Helder Macedo

NuNo Júdice é mais um dos participantes:



Confissão

Dar e outro lado do que sou,
da luz e da obscuridade,
do ouro e do pó,
oiço pedirem-me que escolha;
e que deixe para trás a inquietação
a dor,
um peso de não sei que ansiedade.

Mas levo comigo tudo
o que recuso. Sinto
colar-se às costas
um resto de noite;
e não sei voltar-me
para a frente,onde
amanhece

Nuno júdice
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24.5.04

20 Videoclips da carreira de Nick Cave

1. Stagger Lee
2. Where The Wild Roses Grow (with Kylie Minogue)
3. Into My Arms
4. Are You The One That I've Been Waiting For?
5. Henry Lee (with PJ Harvey)
6. Red Right Hand
7. Loverman
8. Do You Love Me?
9. Deanna
10. The Ship Song
11. Tupelo
12. In The Ghetto
13. Jack The Ripper
14. What A Wonderful World (with Shane MacGowan)
15. Straight To You
16. The Mercy Seat
17. The Weeping Song
18. The Singer
19. I Had A Dream Joe
20. Wanted Man

Além dos vídeos da banda, o DVD inclui ainda o teledisco de “What A Wonderful World”, o dueto de Nick Cave com Shane McGowan (Pogues).
Como defeito apontado pela critica, a falta de trabalhos mais recentes neste dvd, como estes são os meus temas predilectos nem me chatei-o nada, mas para quem quer mais o final deste mês, está prevista a edição de uma colectânea de lados B e raridades de Nick Cave & The Bad Seeds.

O que eu tenho para dizer sobre este senhor...bem dados concretos que se podem encontrar em qualquer site.



Australiano,além de alto e magro, pai de familia, cumpre horarios no seu escritorio, as tais 9Am-5Pm.
A sua musica unica marcou-me como poucas, o trabalho de 20 anos ao lado dos Bad Seeds mudou o panorama musical. Nao lhe encontro seguidores. Tive o prazer de o ver a vivo a cores, com o seu fatinho rosa, em 98 no Porto, um verdadeiro artista dentro e fora do palco. Ainda hoje canto o Deanna a recordar a euforia daquela noite.

"Far from me
There is no knowledge but i know it
There's nothing to learn from that vacant voice
That sails to me across the line
From the ridiculous to the sublime
It's good to hear you're doing so well
But really can't you find somebody else that you can ring and tell
Did you ever
Care for me?
Were you ever
There for me?
So far from me"


O "Far from me" deu-me a letra do futuro que se aproximava, uma estranha adivinha,e outras tantas em que me encontro. Devorei e continuo a devorar o The Best of Nick Cave & the Bad Seeds, como se as musicas estivessem interligadas na minha mente.

"I've felt you coming girl, as you drew near
I knew you'd find me, cause I longed you here
Are you my desitiny? Is this how you'll appear?
Wrapped in a coat with tears in your eyes?
Well take that coat babe, and throw it on the floor
Are you the one that I've been waiting for?"




Nick cave, simplesmente the one
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Os Amigos são como as vértebras que me fazem avançar perante a verticalidade!

post by Luísa

A Luísa tem um espaço fantástico do qual já aqui falei mas que falaria sempre. Para além do seu talento transparece uma doçura incrivel. É sem dúvida das pessoas mais fantásticas que aqui encontrei. Não resisti a trazer o seu post que muito me diz, ou não fosse a amizade o meu trilho neste caminho de pedras. Este dias foram a comprovação desse facto.

As palavras gastam-se nas mudanças dos significados, o cansaço dos ciclos vividos derruba a consistente estrutura do pensamento, a tempestade cái e tudo leva na torrente. Hoje o rio está castanho, continua o seu rumo, vejo-lhe as cores de quem vive. O sentimento que me enche neste agora em que escrevo é o dos que me acompanham, de longe de perto, caras familiares, corpos desconhecidos, almas em aberto que me fazem acreditar.
ccc
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23.5.04

A banda sonora "a alguém, algures, a seu tempo" de D.

Miss World

This time ­ I know it´s gonna be for real
This time ­ I know it´s gonna be for real
I miss ­ the chemistry of your kiss...

Full stand still
Alone - and it´s for real...

I feel so totally happy, and it¹s all so real
I could surf the earth on a banana peel
I¹m so totally into this
The chemistry of your kiss
The way you lose yourself at night
The way you look in the morning light
You¹re so pretty
Makes me wanna burn this city down
I walk the streets with a frown
The size of a playground merry-go-round
This time I know it´s gonna be for real

You are Miss World
I miss ­ the chemistry of your kiss

Full stand still
Alone - and it´s for real...

Flunk
http://www.mariapetronilho.hpg.com.br/beijos004a_ply.jpg

by desconhecido
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21.5.04

Esquecimento

O teu trincar o lábio molhado
a provocação
a tua voz a minha fascinação
os teus olhos vastos
a minha perdição

a mão que passa levemente
pelos meus cabelos
já só tem a forma dos teus dedos
a dança dos corpos no encontro
a mais perfeita.

Esta angústia no desencaixe
esta fome de me esquecer
incendiada estremeço
pela tua boca
solta-se o espasmo
do grito contorcido
com o meu prazer.

ccc


by amelie

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Um blog que foi conhecer e não resisti a trazer algumas das coisas que mais gostei

epitáfio
pela palavra morre o pensamento, da palavra vive o pensamento; desdobram-se neste vasto terreno as tentativas de abandono da infernal chuva de significados que persiste na calcinação do sossego; a aragem é fria, o abrigo incerto, o horizonte mente pelo ilusório encerrar do que para lá dele está: o inexplicável

eis o limiar do desassossego, a esquina onde as palavras se prostituem pelos dedos dos olhares ávidos de certezas, quais louva-a-deus em cio de poesia.


[Waterlily - Felicity Rogers 2002]

onde a palavra procura o inexplicável mistério que a tudo envolve pelos trilhos de sangue dos dedos navalhados em insatisfação permanente

por scriptum tremens
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Em quantas partes de mim sou eu mesma...? E em quantas me sou infiel?

posted by Miss Kafka

Quando me sinto por entre as máscaras usadas, encontro o Eu que a todas elas pertençe, fiel ao instinto que brota independente.
ccc


"Undiscovered Self" - Jerry Uelsmann

"A sede de ser completo deixou-me neste estado de mágoa inútil"

Bernardo Soares

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20.5.04

Per te

para ti escrevo em prosa e esqueço os versos
por ti caem lágrimas ao longo do rosto
que começa a esboçar um sorriso mesmo antes
do salgado se tornar doce.

Lado a lado neste viver do desconhecido
sinto as tuas mãos nas minhas costas
pacientemente a seguir o meu ritmo
oiço as tuas jovens e sábias palavras
sempre tão aconchegantes.

Vejo o teu coração e perco-me na sua grandiosisdade
nada chegará para exibir o que pulsa
em nome do que não sei definir
Um desejo Ragazzo, dirias: "sê feliz e faz alguém feliz".

És a sintonia que me adivinha, vinda de longe
guardada junto ao mar
que banha o cantinho do mundo
que nos enche com o seu odor único.

ccc


by ccc


Almost Happy

"If I could look beyond your face
And photograph your hidden place
Would I find you smiling in the picture

I dont know what you want
Because you dont know,
So whats the point of asking

Youre almost happy
Almost content
But your head hurts

Far too many ways to go
We learn so much but never know
Where to look
Or when we should stop looking" ...

K's Choice
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19.5.04

Já andava de ouvido no regresso de Morrissey com You Are The Quarry, fui ao vidro Azul e lá estava ele.



Sempre gostei muito de Smiths e tinha saudades daquela voz. Nostalgicamente aqui deixo estas palavras:

Hand in glove

The sun shines out of our behinds
No, it's not like any other love
This one is different - because it's us

Hand in glove
We can go wherever we please
And everything depends upon
How near you stand to me


And if the people stare
Then the people stare
Oh, I really don't know and I really don't care


Kiss My Shades ... oh ...

Hand in glove
The Good People laugh
Yes, we may be hidden by rags
But we've something they never have

Hand in glove
The sun shines out of our behinds
Yes, we may be hidden by rags
But we've something they never have

And if the people stare
Then the people stare
Oh, I really don't know and I really don't care

Kiss My Shades ... oh ...

So, hand in glove I stake my claim
I'll fight to the last breath

If they dare touch a hair on your head
I'll fight to the last breath

For the Good Life is out there somewhere
So stay on my arm, you little charmer

But I know my luck too well
Yes, I know my luck too well
And I'll probably never see you again
I'll probably never see you again
I'll probably never see you again
Oh ...

Smiths
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18.5.04

marília campos

bring me flowers

James Adams

I Met A Man Upon the Stair...

Naty Z

Dantesque Hell
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Pelas sintonias deixadas percebi que não sou a única a descobrir o trabalho Nuno Júdice. Quando começei a ler Poesia Reunida - 1967-2000 não consegui parar, gostei imenso, foi um prémio merecido. Para quem quiser descbrir um pouquinho da sua obra pode vir aqui

Dicionário

As palavras mais belas são as que nascem
do teu corpo: cabelos, lábios, ombros, seios,
até o ventre, e o que entre as coxas se esconde.
Escrevo-as devagar, como se lhes tocasse; e
cada uma delas é como um espelho, de onde
se libertam as tuas mãos, os dedos, um joelho,
olhos que beijo num murmúrio de segredos.

E pedes-me significados, símbolos, primeiros
e segundos sentidos. Não te sei dizer senão que
corpo é o teu corpo, centro um secreto umbigo,
pela a mais branca neve no horizonte desta
subida leve. Se me estendes os braços, entro
num abrigo de floresta; se me abres os ramos,
é na mais doce gruta que entramos.

Precipitam-se sinónimos, adjectivos sem
objectivo, pronomes enfáticos e possessivos,
sílabas perdidas na falésia do desejo. Mas
fecho o livro. Estou farto de palavras, é a ti
que eu quero. E faço-as voltar até de onde
nasceram: cabelos, lábios, ombros, seios, até
o ventre, e o que entre as coxas se esconde.

Nuno Júdice in O Estado dos Campos retirado do ardente mente


by pedro gomes
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Soltou-se a língua sôfrega, só para os que não têm nada que fazer


Tinha uma foto perfeita para um poema fantástico, um bonito post mas não me preencheu.
Não ando aqui para provocar sintonias, umas das razões que me fez ser a Sôfrega foi a necessidade de libertação.
Hoje apetece-me soltar a língua, no sentido figurado e na forma de expressão cujo significado representa: simplesmente escrever sem correcção. Talvez este também não seja o melhor significado pois já é normal escrever sem corrector ortográfico e aparecerem um monte de erros, peço desculpa aos pacientes leitores deste blog pela minha falha. talvez até goste da falha, talvez até goste da imperfeição, talvez até goste de seguir os impulsos, talvez seja esta a justificativa que não sei dar a quem me rodeia, quando ficam com aquele ar "mas porque é que ela é assim?"
pois não sei porque sou assim, sei que sou. cada vez mais me sei e me apercebo do quanto me passam ao lado as inumeras teorias,que me ocupam grande parte da memória. todas desnecessárias na prática, está provado cientificamente, por várias amostras devidamente analisadas, que sou um caso perdido. Atenção que este caso perdido é mais achado do que perdido, por entre todas as contradições que revelam o meu ser, uma delas é esta necessidade de utilizar palavras e mais palavras, crio batalhas com elas, guerreiras em oposição com todo o seu fulgor. No final, passado uma hora, consigo dizer uma simples frase que mostra o que estava destinado a sair,desde o inicio. Portanto é só uma questão de paciência para quem quiser saber o que raio é que ela tem para dizer.
se não me perder novamente talvez lá chegue hoje, estou a gostar deste monólogo, sou mesmo eu, até o sorriso está aqui a chegar para completar o cenário.
Segui-me contra todas as regras, bons advertimentos, bom senso, lá fui eu mas sempre com a parte final de cada conversa : "olha que resulta" a chatear-me. Pode resultar com vocês e fico muito contente pelos felizardos que conseguem ter fórmulas, quase matemáticas, para orientar a vida. Depois da autocritica, da tristeza de não seguir o caminho correcto, e do impulso concretizado chegou a reflexão. Estava bem comigo, uma certa serenidade que tanto me tem escasseado. Será que tem assim tanta lógica as fórmulas? com a diversidade de seres, de almas, de sentimentos ( que nem sequer se conseguem definir ) pode haver algo se aplique a vários elementos? claro que tenho o minimo de conhecimentos para entender a contradição da minha frase, acredito na psicologia, nos modelos criados mas... fico sempre com o mas ... no coração não acredito que existam orientações possiveis para além do nosso instinto. Continuo a ter aquela frase em mente; Coração:" não razão tu é que és mentirosa que falas do que não sentes".
Claro que todas as nossa atitudes têm consequências e é aqui que vos chamo felizardos, posso ter ganhos fantásticos mas também tenho uma factura daquelas. Tu é que escolhes querida, digo para mim mesma. Fica a escolha de quem não tem escolha e umas frases que andam a divagar nesta mente descompassada :


by Linda Troeller

o equilibrio do viver e do não sentir.

a inocência para colmatar o medo.

a necessidade da dor para a realidade se consomar.

a verdade feita nas contradições

o morrer para renascer

o eu consolidado para a fusão do nós

ccc
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16.5.04

Nuno Júdice ganhou o Prémio de Poesia Ana Hatherly, atribuído pelo Pen Clube, com o livro "O Estado dos Campos", editado em 2003 pela Dom Quixote.




"Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios."





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14.5.04

Estava de passagem na feira do livro e fiquei presa nos olhos cinzentos, fundos, tão assustadoramente reais. Descobri um pouco de banda desenhada e gostei. Os traços de Pascal Croci marcaram-me pela sua arte e pelo tema que nunca pensei ver em BD.



Pascal Croci nasceu em 1961 e vive actualmente em Aveyron. Depois de dez anos de
bandas desenhadas históricas publicadas em diversas revistas, ele lança-se
num projecto pessoal: um documento-ficção que se desenrola em Auschwitz. "tu és muito novo para que te expliquem..." A razão
do porquê desta banda desenhada corresponde ao seu desejo de conhecimento inatingido sobre o tema



Ann fora uma rara sobrevivente de um gaseamento, por, no meio da horrenda confusão de uma sessão de morte num desses “chuveiros comunitários nazis”, ter ficado com a sua cara semi-submersa numa poça de água no chão (água que impediu a asifixia).

Morreu depois, de Tifo, dois dias antes da libertação do campo pelos russos.
Não é uma personagem de pura ficção, excepto no nome, Pascal Croci, autor da única Banda Desenhada da história a retratar o genocídio do povo judeu.
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12.5.04



Sem principio nem fim

lembro-me dos traços a surgir,
vagueio ao sabor do vento indomável,
permaneço pelas folhas enraizadas
com o sorriso das estrelas
junto á liberdade do mar.

Rolo em mim
sou o porto a que sempre volto,
após cada esquecimento.
trago um pedaço de pele
que rasguei
a mais uma alma desbravada.

ccc

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7.5.04

É interessante a relação que cada um cria com os seus livros, gostei de ler os comentários que me deixaram. Poderia aqui deixar uma lista imensa de livros que me tocaram, "Insustentavel leveza do ser " por exemplo foi o meu "primeiro" livro, o "Candelabro" de Mª Teresa Horta, o "Coral" da Sophia M. Breyner, "Amor feliz" do David Mourão Ferreira, Isabel Allende ( quase todos ),
"Memórias de uma gueixa" de Artur Golden

Tal como a música e os filmes, os livros são um elemento fundamental de sintonias e por isso mesmo aqui deixo estes que generosamente me "ofereceram", na oportunidade de mais sintonias.

"O Bailarino de Colum McCann" , Rudi pela Fata

"A Viagem de Théo" , Catherine Clement pelo Miguel

''Cem anos de solidão'' , Gabriel Garcia Marquez pelo ardente mente

"Insustentavel leveza do ser " , Kundera pela patricia e pela Luz

"Retrato de dorian gray" , Oscar wilde pela encandescente

"o estranho caso do cão morto" , Mark Haddon pelo porquinho

"O Anatomista" , Federico Andahazi
"o Hotel Branco" , D.M. Thomas pela vaquinha

"Amor, Curiosidade, Prozac e Dúvidas" , Lucía Etxebarría
"Antologia poética" , Carlos Drummond de Andrade pela sibylla

"Rayuela" , Julio Cortazar pelo odyseo

"O Perfume" , de Suskind, Os versos da Capitão, e todos os do Pessoa e da Sophia pelo Yardbird

"Capitaes de Areia" , Jorge Amado pela Robina

The Bluest Eye", de Toni Morrison pela pecola

"Bell Jar" , Sylvia Plath e Pedro Paixão pela raspinha

"As Memórias de Adriano" e "A Leste do Paraíso" , Sophia de Mello Breyner, David Mourão-Ferreira e Florbela Espanca pela Maria Bolacha

"Os Maias" pela rute

"Livro do Desassossego" pela Leda que o divulga pelo Brasil
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Pensei em fazer um bookcrossing por aqui mesmo, deixo um capitulo do livro que queria partilhar e se clicarem no titulo serão conduzidos a um site onde poderão ler uma parte deste maravilhoso livro.



Livro do desassossego

Invejo – mas não sei se invejo – aqueles de quem se pode escrever uma biografia, ou que podem escrever a própria. Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer.

Que há-de alguém confessar que valha ou que sirva? O que nos sucedeu, ou sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso não é novidade, e no outro não é de compreender. Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações. Compreendo bem as bordadoras por mágoa e as que fazem meia porque há vida. Minha tia velha fazia paciências durante o infinito do serão. Estas confissões de sentir são paciências minhas. Não as interpreto, como quem usasse cartas para saber o destino. Não as ausculto, porque nas paciências as cartas não têm propriamente valia. Desenrolo-me como uma meada multicolor, ou faço comigo figuras de cordel, como as que se tecem nas mãos espetadas e se passam de umas crianças para as outras. Cuido só de que o polegar não falhe o laço que lhe compete. Depois viro a mão e a imagem fica diferente. E recomeço.

Viver é fazer meia com uma intenção dos outros. Mas, ao fazê-la, o pensamento é livre, e todos os príncipes encantados podem passear nos seus parques entre mergulho e mergulho da agulha de marfim com bico reverso. Croché das coisas... Intervalo... Nada...

De resto, com que posso contar comigo? Uma acuidade horrível das sensações, é a compreensão profunda de estar sentindo... Uma inteligência aguda para me destruir, e um poder de sonho sôfrego de me entreter... Uma vontade morta e uma reflexão que a embala, como a um filho vivo... Sim, croché...

Bernardo Soares
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5.5.04

https://secure.bookcrossing.com/images_products_large/98.jpg


Tenho uma certa fascinação por aqueles livros já de páginas amarelas, lidos e relidos sei lá quantas vezes, por estranhos. Estranhos com sintonias.
Depois tenho livros que me marcaram tão significativamente que os quero partilhar. Não encontrei nenhum livro do bookcrossing mas tenho pena, fiquei a pensar qual escolheria para enviar pelo mundo, em busca de novos leitores. Descobri que até não sou muito generosa pois não consigo desfazer-me de praticamente nenhum. Mas se conseguisse enviava o livro do desassossego.
Ainda há pouco me diziam já o li três vezes e encontro coisas que jurava não estarem lá. Realmente é um livro que escreveria com imenso prazer " sou um livro especial, lê-me".
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4.5.04


by Brando

Dor funda esta que me percorre, nó na garganta que se fez ao te sentir. Fui de encontro ao que me deixas-te, levaste-me até ao teu porto, é o meu presente final?
Abro-o lentamente e já o advinho pois bem sei o quanto me sabes. Rendida nas sintonias partilhadas, lágrimas nascidas com vento que me fez poisar na tua alma. Preenchem-se os espaços por ti docemente desbravados.
Chegou a hora, volto para junto do palco que me pertençe, que um dia abandonarei, ou talvez não, não importa.
Vejo a peça que de mim sái, serenamente assisto á vida que se foi. Ecoam os aplausos de surpresa, recebo-os de braços abertos. É assim a minha arte desprovida de razão, pela voz do coração.
Agora só vos quero a vós, queridas palavras, deixem o pano cair, quero tirar a maquilhagem, despir os trajes de gala. Fico sentada de frente ao espelho, o corpo nú, o rosto que se revela a cada passagem da luz intermitente. Sugo-lhe os promenores, procuro os traços do tempo vivido, volta com o bater das ondas..." olhos abertos?olhos fechados?"
Verdades minhas que me fazem caminhar de encontro ao palpitar, vermelho que desliza quente pelos traços cinzentos, neste presente que me leva a acreditar.

ccc
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3.5.04


by Aurora

Far away

Far away, once so close
But now you're far away
You're still here with me
But not like yesterday, so far
Far away, I hear you breathe
But you're so far away
Once so colourful
But now all turns to grey, so far
It's oh so strange
When centimetres feels like miles
Seconds like hours
Now it's true love has died
No more roads left to try, far away
Far away, long ago
When love was here to stay
Now it's gone
It doesn't matter what we say, so far
Every word is like a knife
But the silence cuts you twice

Jay Jay Johanson
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