29.6.04

Sentimento consolidado, frente e verso, lágrimas e risos, antes e depois, abraços e desencaixes, o tempo passa e não gasta. Cada alma nova encaixada relembra os traços únicos de que és feita.
Para a tua chegada a que vou chegar atrasada,
relembro os dias da tua ausência num grande trago de xá de limão



As palavras que de ti saem:

"E depois veio um dia atrás do outro
Chegaram numa fila longa e ordenada
Iam-me batendo à porta, que eu abria
Entravam
Traziam-me coisinhas pequeninas
Como palavras amigas emitidas de
Sorrisos cúmplices
Sonhos caseiros pancadinhas no ombro
E amostrinhas de revistas
Traziam-me coisas grandes
Como medos muito fundos
Incertezas muito longas
Saudades pesadas como pedras
Que se encaixavam miraculosamente
Nos meus ombros tão estreitos
Entravam, limpavam os pés
Alguns chegaram a descalçar-se
Para falar mais à vontade
De imagens que me deveriam preencher
De ambições que me deveriam fazer mexer

Veio um dia atrás de um dia atrás do dia
Em que me levantei
Esfreguei os olhos nublados
Forcei os pés cansados
E quando me preparava para sair
Pensei no dia que viria
Quem lhe abriria a porta
Quem estaria lá para o receber
Assim me detive
E permaneci
Aqui"


Música, o ópio da raspa:

"Scannin' all those memories
No chance to get some sleep
Visions came along too strong
And drugs just seem too weak

Then there was this fax machine
Workin' in my head
Morning light uncovers
Empty spaces in my bed

I'm in search for happiness
Sometimes too blind to see
That all that search for happiness
Sure means misery

Romantic dinner candlelight
Dancin' cheek to screen
Salvation wire internet
Keeps my pillows clean

I don't need the passwords
Mail me the miracles instead
Mornin' light discovers
Cyberspaces in my bed

I'm in search for happiness
Sometimes too blind to see
That all that search for happiness
Sure means misery"

DE PHAZZ,Happiness

Numa fotografia :



"Numa fotografia não sei se me aguentaria, a imobilidade assuta-me. Ia acabar por a rasgar. Só que em certos dias vivo neste filme. A montra do que quero muda a cada dia, viciada em obrigar cada momento e cada coisa mínima a ter a sua beleza, por vezes troco a luta pela ilusão e sinto-me feliz a espalhar migalhas de croissant à porta do que amo, sento-me à esquina do que me aguarda e recuso-me sequer a estender a mão à realidade. "

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Arno Rafael Minkkinen

De oho no meu umbigo, vejo-me repartida, uma só vida não me chegará. Sinto o expoente desta sofreguidão em que vivo e relembro as palavras do meu desassossego:

"Sou curioso de todos, ávido de tudo, voraz da ideia de todas. Pesa-me como a
perda de a noção que tudo não pode ser visto, nem tudo lido, nem tudo
pensado....
Mas não vejo atentamente, nem leio com importância, nem penso com
prosseguimento. Em tudo sou um diletante intenso e fruste.
A minha alma é fraca de mais para ter sequer a força do seu próprio
entusiasmo. Sou feito de ruínas do inacabado e é uma paisagem de
desistências a que definiria o meu ser.
Divago se me concentro; tudo em mim é decorativo e incerto, como um
espectáculo na bruma.
Esta tendência carnal para converter todo o pensamento em expressão, ou
antes, pensar como toda a expressão do pensamento; de ver toda a emoção em
cor e forma, e até toda negação em ritmo,

Escrevo com uma grande intensidade de expressão que sinto nem sei o que
é. Sou metade sonâmbulo e a outra parte nada."

Bernardo Soares
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27.6.04

Diário de Praia

Ergue-se em vento, sol e maresia,
o imperfeito caule da loucura
na pura exactidão deste silêncio.

De quanta liquidez e espanto somos feitos!
A dor, quando menor, não lembra o que passou,
nem que desvios fez dos ventos imperfeitos...

Teu medo foi a flor que o meu amor quebrou.

Pior que o esquecimento era a suspeita
de que o inverno em mim amarelecera
toda a razão de ser da primavera.

Do meu amor perfeito, flor ausente,
não lembro o rosto nem a voz:
lembro a fadiga sorridente
que havia, ao fim, em cada um de nós.

Nesta melancolia verdadeira
a súbita pancada do outono,
pequena embora fosse, foi tamanha
que teve quase o gosto duma posse.

A concentrada noite se manteve
intacta - embora nós a atravessássemos
cpm passos desesperados e doridos.

À flor de um horizonte, num sorriso
ou na sombra de remos sobre o mar,
procurando-me, encontro o que preciso:
obscuros motivos de sonhar.


David Mourão Ferreira


autor Agnieszka Motyka

Desfocada me encontro,
por entre sonhos desfeitos
e realidades inventadas.
Acompanham-me as palavras de outréns
neste trajecto sem chão,
recorro ao infinito que me cobre,
coexistência terra/ar.

Incoerências nos Eus
a que pertenço,
Incontornáveis certezas
em que não creio,
unicamente fiel
ao volátil sentir.

ccc
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25.6.04

Voltei a ouvir Lamb, como tinha saudades deste som que me embala como poucos. É sempre dificil a escolha de extratos do seu trabalho, deve ser o grupo que mais vezes por aqui passou. Para além das letras lindas, as fotos que encontro deles são fantásticas. Encontrei aqui o complemento perfeito ao que escrevo.


I cry

One day I met a precious soul
Who's words had touched my heart
His poetry resounded so
It tore my soul apart
But when I tried my thoughts to speak
Emotion made my mind so weak
And time stood still for years and years
I bathed him in my tears

I cried, I cried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again

Some people turn to pills and things
To help them through the day
To take them up or down or just
To ease the blues away
But me I really want to feel
The ups and downs of life so real
Happy or sad emotions reign
My tears flow just the same

I cried, I cried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again

I cried, I cried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again

Gonna turn so completely I leave no trace
Through so many out there would laugh in my face
For wearing emotion so close to the skin
Condemn me they might it to love's such a sin

I cried, I cried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again

I cried, I cried
Tears of joy tears of pain
I cried, I cried
Tears of love again and again

in What sound

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24.6.04


by Xunilek

Memória Selectiva, problemática recorrente desta mente vagueante.



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Se eu vivesse numa fotografia, que fotografia seria ?
posted by Clandestino

Viveria num sorriso, pleno de si mesmo.
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18.6.04

Na mesa de cabeceira:



«Poesia I, II e III» de José Gomes Ferreira com prefácio de Mário Dionísio.

Aqui está o comentário da Mª Teresa Horta a este livro.

"só vejo esta imagem com que me assemelho
e teve coragem de sair de dentro do espelho"


“ Um eu sôfrego, que não consegue sair de si mesmo, mas só pode respirar na companhia do que fora dele existe, disso a que chama << as formas envolventes >> ( Memória-IV ) :

<< Eu
em mim, contra mim, alheio, desencontro,
prismas, longe, perto…
- monte de palavras
em busca do Instante
onde sempre morro incompleto >>


( cidade inexacta )”

Mário Dionísio

Encontro neste poeta uma posição demasiado extremista como pessoa, a sua escrita é um espelho da sua luta mas também da grande sensibilidade com que vê o mundo. Escreveu poemas que encaixaram plenamente no meu sentir, aqui vem a questão que muitas vezes aparece. O artista e o homem,na poesia acho que é mais simples de lidar com esta questão, as palavras ao entrarem na minha mente tomam as formas do momento. Daí que ao longo dos anos tenha tido grandes discussões com quem me queria ensinar português, melhor obrigar a pensar segundo o que alguém achou mas isto já é outra conversa. O que queria mesmo dizer é que não concordo com a exclusão do trabalho de um artista, em qualquer das ramificações da Arte, tendo como principal razão detalhes pessoais do mesmo.

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by P. Christine Skinner

Rodeada de túlipas emanando nostalgias, pouso a cabeça que lateja, sem sentir o coração esmagado, olhos fechados feitos de vozes recorrentes, simplesmente estou.

“Foste o meu passado
e serás o meu futuro
mesmo quando o futuro
já tiver acabado
o principio e o termo
a luz e o escuro
quando o fim do presente
já tiver terminado.”


Mª Teresa Horta

Releio as palavras deixadas, junto-lhe o vazio sem forma e quase atinjo o sentir, por instantes corre-me o choro seco, quase se renova o viver, só quase, ainda quase...
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17.6.04

Demorei a gostar do cd, não sou apreciadora de Jazz o que não ajudou nada mas com o passar do tempo começou a entrar a sonoridade relaxante. A voz da Lisa já muito tinha sido comentada e é mesmo verdade é fantástica.
Está previsto para Outubro o lançamento de um novo cd,compilação destes trabalhos anteriores:




e quatro canções novas, duas delas escritas por Salvador Poe.

How Many More Times

How many more times must i cry
How many more times must i say goodbye
To you
I've opened all the way
For you
It's always just someday

How many more times must i try
How many more times must i lay down and die
For you
I'd lose mountains
And blue skies
But i can't help losing my mind for you
How many more times

I'd lose mountains
And blue skies
But i can't help losing my mind for you
How many more times

lisa ekdahl
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8.6.04


Stephen Bowden (Donor)

Porto do meu sentir
a ti te devo a imagem saída do espelho.
Sintonias vividas são o teu legado.
Acabam-se as palavras,
estão gastas e longe de mim.

A ti nada preciso dizer
Que me sabes,
Aos que me adivinham
Pelas partilhas sentidas:


(…) E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.

Miguel Sousa Tavares, Eternamente
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1.6.04



As palavras que te adivinho:

Quero voar
-mas saem da lama
garras de chão
que me prendem os tornozelos.

Quero morrer
-mas descem das nuvens
braços de angústia
que me seguram pelos cabelos.

E assim suspenso
no clamor da tempestade
como um saco de problemas
-tapo os olhos com as lágrimas
para não ver as algemas...

(Mas qualquer balouçar ao vento me parece Liberdade.)

José Gomes Ferreira

A fotografia que adoras:


by Lars Raun

A música que soa na tua mente:

Cowboy Junkies

Anyone who's ever had a heart
Wouldn't turn around and break it
Anyone who's ever played a part
Wouldn't turn around and break it

Sweet Jane -2x
Ah, sweet, sweet Jane

Waited for Jimmy down in the alley
Waited there for him to come back home
Waited down on the corner
Thinking of ways to get back home

Sweet Jane -2x
Ah, sweet, sweet Jane

Anyone who's ever had a dream
Anyone who's ever played a part
Anyone who's ever been lonely
Anyone who's ever split apart

Sweet Jane -2x
Ah, sweet, sweet Jane

Heavenly blue-eyed roses
Seem to whisper to me
When you smile

Heavenly blue-eyed roses
Seem to whisper to me
When you smile

La, la, la, la...

Sweet Jane

Abre-te,
pela menina, pela mulher que és,
vem...
O mundo espera-te ccc

Sôfrega


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By Peter Essick

Apetece-me ser de novo criança, só hoje...
Até está marcado no calendário.

Encontrei um Peter Pan
poisou na minha janela
mas não voltou...

Quero voar,
Quero esquecer,
volta,
leva-me para a terra do nunca,Kid

Dá-me uma prenda...

Make a wish:
Não perder a pureza que sobrevive ao pensar



by desconhecido
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