27.7.04

Demora

Demoramos depois
de cada passo
cada palavra que temos
na garganta

Cada cidade
ou mesmo cada lágrima

Demoramos depois
de cada largo
um só jardim nos olhos
que não espanta

E um candeiro calado
em cada canto?

e o vento selado
sobre os ombros?

Como a saudade marcada na garganta
e os dedos fincados sobre o sono

E cada hora em cada passo
dado?

E todo o medo transformado em raiva
e toda a dor nos olhos
só em água?

Não não é apenas
aquilo que pensamos
que nos devora enquanto
demoramos


Mª Teresa Horta in Jardim de Inverno
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