26.8.04

Viagem

Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.


Miguel Torga


by Siegfried Burgstaller

O mais custoso é tomar a decisão daí em diante, longe da névoa da incerteza, com a morte das hipóteses, o caminhar ganha consistência . Uma certa serenidade invadiu o branco de amanhã, por certo não demorará muito na sua visita, à que usufruir desta sensação de possibilidade.
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