31.3.04



Deixa-me descansar os meus cansaços
nos teus braços,
chamo por ti,
dar-me por completo,
quero esquecer-me,
gelam-me as veias de bom grado,
adormecida na escuridão dentro de ti.

Não me faças esperar mais,
seco com o passar do vento,
choro no cheiro que ele trás.

Não pronlongues a minha dor,
mais um vibrar teu
toco-te só de passagem,
vem à memória
a viagem nunca esquecida.

Não penso mais,
sigo-me,
encontro-me
no fundo do mar.

ccc
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Escrever no mar

O título já torna este espaço irresístivel, está muito bem feito, parabéns aos autores. Lê-se poesia e prosa que muito me agradou.Como a de esta lutadora encandescente, que também escreve no mar:

"...E esta raiva que me faz pegar na caneta
e fazer dela a espada
com que combato o que sou..."

e depois temos estas fotos lindas


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" Enquanto não alcançares a verdade, não poderás corrigi-la. Porém se a não corrigires, não a alcançarás.Entretanto não te resignes."

(José Saramago - História do Cerco de Lisboa )

Um empréstimo da melancia que completa o post anterior.

Li o que me deixaram, realço a importância de respeitarmos as verdades de cada um. Neste universo blog encontra-se de tudo, gosto de conhecer as diferentes prespectivas.
Abstractamente este assunto é vago e sem grande impacto. Agora se pensarem no vosso dia-a-dia, nas mentiras que por vezes tanto nos magoam, na tristeza que é haver tão pouca confiança, a facilidade com que se olha nos olhos de alguém e se mente descaradamente. Assusta-me, repudia-me. Cada vez mais as pessoas me entristecem, aparentemente gosta-se aprofunda-se o conhecimento e ... perde-se a ilusão.
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30.3.04

VERDADE & MENTIRA


Há muito que quero escrever sobre esta questão,por mero acaso o dia das mentiras está aí( não gosto nada desta coisa do dia tal) não me quero perder em filosofias, psicologias, claro que na poesia não poderia deixar de me perder:

"Improvisido corrigido"

Se minto?quantas vezes!
Mas em palavras.Não
Nos meus olhos castanhos portugueses,
nestas linhas atávicas da mão...
Se minto?...Minto, pois!
Mas nas orais palavras que vos digo.
Não nas que entoo a sós comigo,
E em que enfim deixo de ser dois.
Não nas que entrego a música, miragens,
alegorias, fábulas, mentiras,
cadências, símbolos, imagens,
ecos de minha e mil milhões de liras.
Se minto?...Minto! É regra de viver.
Mas não quando, poeta, me desnudo,
E a mim me visto de inocência, e a tudo.
Venha quem saiba ver!
Venha quem saibe ler!

José Régio

Estas palavras transmitem muito do que penso. Fui procurar nas minhas vivências diárias, desde o mais ínfimo pormenor à mais óbvia situação, onde paira a verdade. Deixei essa mesma questão ao M.K. que me levou definitivamente a organizar as ideias sobre isto.
Mente-se por comodismo, por simpatia, por maldade, por hábito.
A mentira é uma recorrência constante, muito prática, o caminho mais percorrido. Compensadora? Deve ser, pois já está integrada no sistema de tal forma que este não funciona sem ela.
A verdade transparece no abrir da concha onde nos fechamos. Olha-se com grande admiração para quem é mais verdadeiro, quando deveria ser comum, um bem essencial a cada um. Mas não é...
A verdade e a mentira, vejo-as como o preto e branco, da junção nasce o cinzento.. A subjectividade das palavras que usamos, dos pensamentos que temos, dos olhares que transmitimos é tal que prevalece o cinzento.

Até o olhar deixou de ser o espelho da alma, admito sou uma descrente. “Procuro um país inocente...”
Onde paira a verdade? contínuo sem saber, provavelmente nunca chegarei a saber. Sei a verdade em que acredito e isso chega-me para me "saber".


A Implosão da Mentira ou o Episódio do Riocentro

"Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade.

E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode
implosiva."

leminski

Obrigado por me teres levado ao Leminski,. LL
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No ouvido


All About Eve


I sit by the harbour
The sea calls to me
I hide in the water
But I need to breathe
Chorus
You are an ocean wave, my love
Crashing at the bow
I am a galley slave my love
If only I could find out
The way to sail you
Maybe I'll just stow away

I've been run aground
So sad for a sailor
I felt safe and sound
But needed the danger

Chorus 2x

Stow away ...
Stow away ...

Martha’s Harbour
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Grita,
Fria e dura,
A ferida que me rasga por inteiro.

Desvaneceu-se no horizonte
O som do riso.
Permaneceu
O cortar de limites.

Com o abismo nas costas,
Olhar turvo
Da névoa de te não ver,
Sinto a vertigem
Do recuo.

ccc


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"Conjuga os teus sentidos todos num só, concentra-te num local livre e calmo e abre os olhos, ouve o som do ambiente que te rodeia, sente o cheiro e a textura dos locais, o gosto de ser livre e aí, no momento em que tudo se une, liberta-te gritando, chorando, rindo, como quiseres ou conseguires, mas sempre com a cabeça levantada percorre os caminhos da dor e volta mais forte."
R.F.


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26.3.04

Ao longo destes meses fluiu muito de mim, apenas sei que tenho algo que me faz amar as palavras. Agora tenho necessidade de me reler e reencontrar.

Volto a aqui a deixar o meu texto mais "marcante", que acabou por ser o início de como me sinto e não de como me pensava.




Olhos abertos? Olhos fechados?

Ela olha-se ao espelho, ouve o som das ondas incessável, e vê-se; sente-se salva. Volta a procurar a imagem no espelho, memoriza os traços, identifica a expressão e volta a ouvir o mar,
Começa o reencontro…
Sente-se frágil, não há retorno, uma vez atingido o tão imaginário cenário de libertação não há como voltar ao aprisionamento do dia-a-dia, ao visível bem-estar.
Vem o dilema, o eterno dilema do conhecimento, tão procurado mas sempre provocador de insatisfação. Olhos abertos? Olhos fechados? Surge a raiva contra a vida, contra o libertador. O desespero de quem acordou e não consegue voltar a adormecer, de que lhe serve permanecer acordada? Sonha e inventa; revive imagens apenas imagens. Tudo o resto se encontra bloqueado, não consegue ouvir, cheirar, sentir. O passado é um filme mudo a preto e branco, a cor foi anulada, o som foi apagado … não iria suportar o peso da paixão, a cor das imagens, o prazer dos sons.
A ilusão de um dia voltar a ver o filme original impede-a de enfrentar a realidade, agarra-se a ela com todas as suas forças. É mais fácil, bem sabe que muitos filmes virão e que este foi o que quebrou o que estava selado mas não o que lhe dará uma vida colorida como tanto anseia.
Aos poucos a coragem reaparece, sabe o quanto tem de lutar, não fosse ela uma eterna lutadora, sabe o preço a pagar por percorrer o caminho menos percorrido. Olhos abertos? Olhos fechados? A resposta está dada só resta que surja o momento para a libertar, no fundo ela sempre soube mas o caminho até à superfície é longo e doloroso. Ela não está sozinha mas tem de o percorrer sozinha. É bom sentir que não tem prazos, é bom saber que a solidão acabou, é bom poder entregar-se desta forma e saber o nome do destinatário. É aconchegante a cumplicidade, é relaxante a perda de pudor, é fortalecedor a certeza, é admirável a pureza, é indispensável a simplicidade e a tão esperada sinceridade.
Por tudo isto ela sabe que está para breve, mas a ânsia acalmou, o medo começa a desvanecer-se pois a imagem no espelho não mudou, o som do mar mantém-se, o bater das ondas não vai cessar…

ccc
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René Magritte

Porque a sôfrega também sofre de romantismo, embora ao seu jeito, este quadro transporta-me para um filme que adorei.
Uma história de encantar, quem não teve, tem, terá a sua?
Por vezes só mesmo no alimentar da ilusão, permanecendo naquele estado de dormência, se mantém a realidade.
ccc
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A ti brisa refrescante


by Piedade
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25.3.04

"...So tired of the straight line, and everywhere you turn
There's vultures and thieves at your back
The storm keeps on twisting, you keep on building the lies
That you make up for all that you lack
It don't make no difference, escaping one last time
It's easier to believe
In this sweet madness, oh this glorious sadness
That brings me to my knees

In the arms of the Angel far away from here
From this dark, cold hotel room, and the endlessness that you fear ..."

Sarah Mclachlan - Angel



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Desencontros

…pergunto-me se valerá a pena: penso nas suas pernas compridas, o peito amplo, os olhos rasgados, a sua boca grande. Certamente que ela não quererá mais do que eu próprio quero, falta-me descobrir a consistência da sua pele, agarrá-la pelos cabelos, andar à roda como a ventoinha suspensa no quarto do hotel, o corpo húmido de F. sobre o lençol de seda do Sião, e depois sair furtivamente, como um ladrão nocturno. Valerá a pena? Remorsos, sim, é verdade, às vezes tenho remorsos. Vejo-me em sonhos como um pássaro negro, crepuscular, alimentando-se nas sombras, nos desperdícios, nos destroços, das vidas alheias. Mas, afinal, o que se leva da vida, senão remorsos? Remorsos do que poderia ter sido e não foi e do que se perdeu depois de ter sido. Remorsos do que deveria ter sido feito e não o foi a tempo ou do que foi demasiadamente dito e feito. Remorsos destes eternos desencontros, desta sensação de que nada existe no seu tempo certo, de chegar sempre tarde ou partir cedo demais. Por que será que a seguir à noite vem sempre a manhã e de manhã pesa sempre nos olhos e na alma o que fez e desfez de noite – um corpo húmido deixado num lençol de seda e o ladrão furtivo desse corpo abandonado o quarto que não é o seu, em direcção ao vazio de tudo o que lhe pertence, inutilmente?...



Miguel Sousa Tavares
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24.3.04

Eu não sabia ser tão raro

estar sem pressentimentos
quando a vida escorre escondida
em águas mínimas e divisórias.
Eu não sabia estar oca
de um vazio insofismável e espúrio
a tanger nódoas de candelabros gastos
com velas iluminando o nada.
Eu não sabia estar tão longe,
esquecida de quem era
ou do que queria.
preenchi esse vazio
com lembraças
daquilo que fui antes de ser
e sem saber e estando muda,
dedilhei as horas com cordas de harpa
esticadas sobre o vão dos dias.

Thereza Motta
A poeta de quem mais gostei ao ler a antologia contemporânea brasileira


A Nina mandou:

Guardei-me para Ti

"Guardei-me para ti como um segredo
Que eu mesma não desvendei:
Há notas nesta guitarra que não toquei,
Há praias na minha ilha que nem andei.

É preciso que me tomes, além do riso e do olhar,
Naquilo que não conheço e adivinhei;
É preciso que me ensines a canção do que serei
E me cries com teu gesto
Que nem sonhei."

Lya Luft


A contribuição da adorável ups!, claro que faltava o Jobin:

Esse seu olhar quando encontra o meu,
Fala de umas coisas que eu não posso acreditar,
Doce é sonhar, é pensar que você gosta de mim como eu gosto de você,
Mas a ilusão, quando se desfaz, dói no coração de quem sonhou, sonhou demais,
Ai se eu pudesse entender o que dizem os seus olhos…

António Carlos Jobim

Do horizonte chegou:

"Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim"

Vinicius de Morais

Obrigado ccc
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Undiscovered Self, data desconhecida - © Jerry Uelsmann


De passagem pela maravilhosa cidade vermelha não consegui deixar de trazer esta foto.
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The Jesus & Mary Chain

Just Like Honey
Listen to the girl
As she takes on half the world
Moving up and so alive
In her honey dripping beehive
Beehive
It's good, so good, it's so good
So good

Walking back to you
Is the hardest thing that
I can do
That I can do for you
For you

I'll be your plastic toy
I'll be your plastic toy
For you

Eating up the scum
Is the hardest thing for
Me to do

Just like honey
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23.3.04

almas nossas gentis que se partiram...


De novo me invades, desta vez com o teu adeus:

ANNABEL LEE
(de Edgar Allan Poe)

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.

Fernando Pessoa
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Sou fascinada pelo Brasil, daria um grande post falar sobre ele, mas o que agora procuro é a sua poesia.
Perco-me pouco pelos poetas que não sejam os nossos. Começo a descoberta pelos brasileiros, já que adquiri agora ,brasil 2000, antologia de poesia contemporânea brasileira .
O grande Vinicius de Morais, Caetano, Adriana Calcanhoto, estes conheço e canto.

Vinícius de Morais
Procura-se um amigo
gosto muito deste texto

A recentemente falecida Hilda Hilst,
a quem a leda fez uma bonita homenagem

"Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."

( Do Desejo - 1992)Hilda Hilst

Mais estarão para vir.
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22.3.04

As Sintonias privadas agora estão no sofrega@sapo.pt, problemas técnicos.
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Sou tua
só tu me acompanhas onde mais preciso de sentir alguém,
no mundo sonhado,
na paisagem da ilusão,
na felicidade do voo.
Lá ao fundo, no horizonte vermelho,
onde as mãos não te vedam a entrada,
és meu.
Juntos, como nunca estaremos
neste realidade desencontrada,
unidos nos odores,
vivemos o sorriso...

ccc
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a Vanus levou-me ao clandestino onde li:um desafio lançado que se celebre o poema e o poeta para que estes saibam que transformar palavras em flores e letras em pétalas tem significado para quem os lê

Ao longo do meu blog a importância das palavras é bem visivel, são tantos os poemas que me marcaram. Pessoa é para mim a mente brilhante mas o David M. Ferreira é o "meu" poeta ,e este é um dos poemas que me acompanha nos desencontros e encontros da vida.

E por vezes

"E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

Ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos"

David Mourão Ferreira
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Desencontros nos encontros


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21.3.04

Dia mundial da poesia

alma azul no jardim botânico da universidade de coimbra

Junção perfeita, recital de poesia no meio daquelas arvores magnificas, livros até 4 euros( ainda bem que não aceitavam multibanco). Claro que vim para casa com um saco bem recheado. Estes preços foram possíveis, segundo uma das responsáveis, porque é a forma de publicidade escolhida. Os jovens são os seus principais clientes e a Alma Azul tenta tornar-lhe acessível a aquisição de livros. Pena que mais não tenham estas belas idéias. Entre dois dedos de conversa ainda fiquei a saber que pessoas de áreas cientificas são das principais interessadas. O que me leva de novo a dizer que o caminho profissional escolhido nada tem a haver com a ligação à poesia.

Uma das aquisições foi:

Uma boa surpresa, não é um livro propriamente sobre a bela cidade de Coimbra. O Miguel Torga escreve bastante "ácidamente" sobre ela. Eugénio de Andrade também não fica atrás mas contribui com uma dedicatória ao mestre, Camilo Pessanha. Gostei imenso de ler a carta de Antero de Quental a António Castilho, aos 25 anos a escrever assim...
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20.3.04

Não creias que eu te prenda
Ó Anjo, e mesmo que pretendesse! Tu não vens.
Pois o meu
chamamento está cheio de oposição; contra
semelhante
Torrente é impossível caminhares. O meu grito
é como um braço que se estende. E a mão
que ao alto se abre para alcançar fica diante de ti
aberta, como defesa e advertência,
Ó inalcançável, toda aberta.

Sétima Elegia, Rilke


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19.3.04

Tinderstckis


Until the Morning Comes

My hands ‘round your throat
If I kill you now, well, they will never know
Wake me up if I’m sleeping
By the look in your eyes I know the time’s nearly come
Wake me up ‘cause I’m dreaming
Well, they’ll never believe what’s been happening here
But caught in my mind there’s a way to get out

Wake me up ‘cause I’m dreaming
Well they’ll never believe it
So hush now, my babe, please don’t cry
Everything’s gonna be alright
Hush now, darling, I can hear you’re screaming
Let me hold you until the morning comes

So tell me this is what you want
You can whisper it soft or you can scream it out loud
‘Cause there’s still time to change your mind
But do it now before tomorrow comes

Wake me up ‘cause I’m dreaming
Well, they’ll never believe it
So hush now, my babe, please don’t cry
Everything’s gonna be alright
Hush now, darling, I can hear you’re screaming
Let me hold you until the morning comes

Until the morning comes

The light is fading
But the stars are dancing bright
My mind is racing like clouds across the sky
How did you make me go... this far?
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Despedida

Talvez só agora me tenha apercebido do que ficou para trás.
Lembras-te quando te olhei uma noite?
Fiquei deslumbrada com a beleza que imanava de ti. O teu perfume ao chegares para me despertares, os teus minunciosos movimentos, o teu sorriso... como sorrias na altura, já não o voltei a ver.
O brilho do teu olhar iluminava-me de tal forma que ficava presa neles, sem dar conta da vida a passar.Com a sensação de ter chegado a um porto seguro caí no esquecimento.
Os medos, as mágoas, tudo foi apagado com o aconchego do teu colo. Eras o mais perfeito ser que alguma vez vi, mas perfeição não existe," e não há meu amor quem acredite em tanta felicidade sem limite" escreveu a nossa querida amiga.
Sim um pedaço de ti foi roubado por mim, não to posso devolver, não te posso compensar pela beleza apagada.
Perdi-me, perdi-te, perdemo-nos e provavelmente nunca nos voltaremos a encontrar, minha mais que tudo.
Apenas posso recordar que vivi um sonho de uma vida que não era a minha, tudo vivido e agora transformado numa história sem palavras mas com suor e lágrimas.
A última história da menina linda, que me vai acompanhar para sempre, nesta vida que vou vivendo acordada.

ccc
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Passam os carros

Passam os carros e fazem tremer a casa
A casa em que estou só.
As coisas há muito já foram vividas:
Há no ar espaços extintos
A forma gravada em vazio
Das vozes e dos gestos que outrora aqui estavam.
E as minhas mãos não podem prender nada.

Porém eu olho para a noite
E preciso de cada folha.

Rola, gira no ar a tua vida,
Longe de mim...
Mesmo para sofrer este tormento de não ser
Preciso de estar só.

Antes a solidão de eternas partidas
De planos e perguntas,
De combates com o inextinguível
Peso de mortes e lamentações
Antes a solidão porque é completa.

Creio na nudez da minha vida
Tudo quanto nele acontece é dispensável.
Só tenho o sentimento suspenso de tudo
Com a eternidade a boiar sobre as montanhas.

Jardim, jardim perdido
Os nossos membros cercando a tua ausência...
As folhas dizem uma à outra o teu segredo,
E o meu amor é oculto como o medo.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho

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18.3.04

o vizinho colocou uma questão interessante:Confissões bloguísticas da vizinhança...
Já me fui confessar...
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17.3.04

"Que se faça mais moda e menos arte"Max Ernst

"Caberá a Arte na Moda e a Moda na arte?" mvrcc

Em troca de ideias com a mvrcc tentei mostrar o meu conceito de arte e como interpreto a moda mas fiquei a pensar no assunto.

Daí que quando soube da polémica em volta da colecção de lingerie da Elle Macpherson tenha voltado a falar no assunto. Esta bela senhora, não é por acaso que lhe chamam "o corpo", de uma forma muito artistica publicitou os seus produtos. Mostrou como a arte cabe na moda, mais arte na moda é necessário, penso eu.
consequências:

London, March 5 (JY&A Media) The British Advertising Standards’ Authority has banned an advertisement for Elle Macpherson Intimates, saying it was offensive.
It had appeared in Vogue and features a model in lingerie, shot through a keyhole. The model’s head is not visible, while her thumb is inside her panties.

The Advertising Standards Authority said Wednesday it had ruled that the ad by Bendon UK Ltd. for its range of Elle Macpherson Intimates was offensive and couldn't be repeated.


Elle Macpherson Intimates


e intimidou...


(Não foi esta a foto mas como já não a consigo encontrá-la, esta também serve para dar uma ideia da campanha)

Andam muito púdicos estes ingleses, por vezes tão atentos e outras de mãos nos olhos, mas isto já são outros assuntos.
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Foi aqui que me deram uma boa noticia vinda de Espanha, live goes on e é necessário levantar o espirito.

Abertura do 57th Festival Cannes a cargo de Pedro Almodóvar 'La mala educación' ,12 de maio
´


Gael Garcia Bernal ("Y Tu Mama Tambien"), Fele Martinez ("Dos tipos duros"), Javier Camara, (Hable con ella" ) protagonizam uma história de paixões fatais que começa num colégio religioso na década de sessenta.

O esperado regresso de Almodovar,que ainda vai demorar a chegar aqui ao nosso cantinho. Quanto a projectos futuros:"recuperar o sono e a cintura". Está certo,desde que a inspiração s mantenha, esperaremos de bom grado.

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16.3.04




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A primavera cresceu no dia

e permaneceu pela noite.



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14.3.04



Que dizer da sombra que acompanha os raios de sol?

Que dizer dos lábios que aguardam o toque dos teus?

Apenas sorrio...


Cresce a serenidade contra as contrariedades.
Vence o instinto nesta luta desconhecida.
Sou minha, só minha e para comigo sorrio.

O esplendor da vida vivida
tudo ilumina,
os sonhos materializam-se
e por intantes,
só por instantes,
voo.

As almas perdem-se
os corpos enlaçam-se,
sinto a felicidade
do momento infinito.

Lá longe canta o chamar dos deuses...

Mas nos meus ouvidos
somente existe
a tua respiração ofegante.
Apenas sinto
a agitação que me invade
por inteiro.

Apenas espero nada esperar,
Apenas,
simplesmente apenas,
VIVO.

CCC

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12.3.04





Gotas a pingar,
àguas salgadas,
ecoa o seu embate,
uma após outra,
e sente-se o acabar...

ccc

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Segundo album desta Australiana com uma voz fantastica. Participou com os Zero 7’s em Simple Things.



"Be my friend, hold me, wrap me up, unfold me, I am small and needy, warm me up..."

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Vinicius de Morais

Soneto de Fidelidade


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, pôsto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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10.3.04



Já tenho saudades e ainda te percorro, vezes sem conta por aqui vague-ei.Entre as tuas gentes me perdi, nas tuas histórias, que de boca em boca passaram e acabaram nas memórias vivas de quem as agarrou. Mais perto do teu coração habito e talvez por isso o pulsar das tuas veias me agite tanto. Só ao percorrer os teus recantos te encontrei a alma, bela e lendária. Perco-me nas tuas margens espelhadas a cada regresso, começo a avistar a tua torre simbólica e sinto-me em casa.
Ouço lá longe o canto: Coimbra tem mais encanto na hora da despedida...
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Sempre presente, procuro-te aflita e lá vens tu aconchegar-me com os teus sons, volto a adormecer e a sonhar.

Portishead-Portishead

Undenied


Your softly spoken words,
Release my whole desire,
Undenied,
Totally.

And so bare is my heart,
I can't hide,
And so where does my heart,
Belong.

Beneath your tender touch,
My senses can't divide,
Oh so strong,
My desire.

For so bare is my heart,
I can't hide,
And so where does my heart,
Belong.

Now that I've found you,
And seen behind those eyes,
How can I,
Carry on.

For so bare is my heart,
I can't hide,
And so where does my heart,
Belong.

Belong, belong, belong
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9.3.04

Novos companhias refrescantes:

xá de limão
futilidades e inconsequências urgentes


Muitos parabéns Raspa pelo espaço e pelo teu dia.

O MEU BOSQUE
Uma Brisa Que Se Pretende...Refrescante
http://www.fotoeffects.com/pixpics/data/504/4fp180.jpg?2418.
Robina estava cheia de vontade de te "roubar" esta foto, aproveitei a desculpa:)

Doido&Vanus
Este modo de ver é difícil; porque o sagrado designa ao mesmo tempo os dois contrários. (Bataille)
Não consigo pegar na vossa foto mas também dispensam apresentações.Beijo Vanus
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Novas aquisições:


Everyone want´s to be found

Para além de ter adorado o filme ainda fiquei a cantarolar "just like honey"-Jesus&Mary Chain
da banda sonora ainda me ficou "alone in Kyoto"-Air, "are you awake"-Kevin Shields.

LAMBCHOP - 'Aw C'mon!' / 'No You C'mon'


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8.3.04

O melhor grupo dos últimos tempos:

Turn on the Bright Lights - Interpol [2003]


Uma boa noticia:

Uma das bandas mais aclamadas atualmente na Europa e Estados Unidos, os Interpol, já estão a trabalhar no segundo álbum inédito da carreira. Apesar de já terem diversas músicas prontas, a intenção dos norte-americanos é colocar o material novo na praça apenas no final de 2004.
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"Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."

Fernando Pessoa
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6.3.04



É no teu olhar que estão todas as palavras guardadas para mim,
Não digas nada...
É ao teu toque que toda a segurança transparece,
Não prometas nada...
É assim que nos quero,
no silêncio,
devorando cada pedaço
desconhecido,
lentamente,
pois o tempo é nosso,
Não te apressses...


ccc
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O CoRPO

"Digo do corpo
o corpo:
e do meu corpo

digo no corpo
o sítio e os lugares

de feltro os seios
de lâminas os dentes
de seda as coxas
o dorso em seus vagares

Lazeres do corpo:
os ombros
as lisuras - o colo alto
a boca retomada

no fim das pernas
a porta da ternura
dentro dos lábios
o fim da madrugada

Digo do corpo
o corpo:
e do teu corpo

as ancas breves
ao gosto dos abraços
os olhos fundos
e as mãos ardentes
com que me prendes
em súbitos cansaços

Vício de um corpo:
o teu
com o seu veneno

que bebo e sugo
até ao mais amargo
ao mais cruel grau de esgotamento

e onde em silêncio
nado
em cada espasmo

Digo do corpo
o corpo:
o nosso corpo

Digo do corpo
o gozo
do que faço

Digo do corpo
o uso
dos meus dias

e a alegria
do corpo sem disfarce"

Mª Teresa Horta
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5.3.04

99
Maria Teresa Horta

P –- O que representa, no contexto da sua obra, o livro “Antologia Pessoal- 100 Poemas”?

MTH–- Representa a face, o corpo e a face do meu percurso literário até este momento; uma espécie de balanço pessoal da minha poesia, portanto: da minha vida. Nesta antologia está contido (contido no sentido duplo e rigoroso do termo) o meu olhar sobre os poemas que tenho vindo a escrever ao longo dos anos, ou seja: sobre mim mesma. Olhar interior, portanto inequivocamente diverso do olhar do crítico, do olhar do outro, daquele que lê.
Olhar esse, o meu, que me obrigou a voltar atrás, levando-me a revisitar o passado. É, pois, um livro de muitas memórias: de sentimentos, de emoções, de chama acesa, de entrega; um livro do corpo, de júbilos e de coragem. Mas também de punhais enterrados no lugar do coração.
Uma navegação sem mapas, uma longuíssima, vertiginosa e perigosa viagem.

Antologia Pessoal - 100 Poemas

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"Não pretendo mais do que o limite.
que para além do limite
já se entrega

Eu cumpro os meus
limites,
não cumprindo as regras."

Mª Teresa Horta
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The Cure
Join the Dots: B-Sides and Rarities 1978-2001: The Fiction Years





Só não o preço não permite ,por agora, a sua aquisição.
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4.3.04

A sôfrega errou, no comentário acerca do empréstimo do Tiago Vasconcelos, desde já imensas desculpas. Aqui fica a luz
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Mesmo sem estar á espera já consegui que o complexo tema Amor/paixão fosse comentado.
Este espaço deixaria de ser o encontro comigo mesma se não soltasse o que me percorre a mente. Pois então vou tentar:


De sentimentos/emoções só sei falar de dentro para fora, embora existam imensas frases e definições são de fora para dentro, perdem-se .

Já me encatei por alguém ao primeiro olhar, com tal intensidade que ano após ano contínua presente, na sua ausência.
Já vivi relacionamentos prolongados, com o tempo a desgastar a chama inicial, em que sentimentos de outro nível, serenos, os mantiveram.
Já cheguei a achar que sabia o que era o amor, o que era a paixão, tudo muito esclarecido, até um dia...

Um dia em que me perdi nos olhos de alguém e me encontrei. O passado deixou de fazer sentido, o presente era numa outra esfera, o futuro esqueci-o.
Um encaixe perfeito, eu que não suporto esta palavra, perfeição...mas que mais poderei da união de dois seres num só?Plenitude alcançada sem dúvida. Fogo da paixão, amor carnal, amor mental, ternura da entrega.

O futuro mostrou-me que nada sei, é tudo tão complexo, as certezas são tão poucas.Ou não estivessem duas pessoas envolvidas. Falo apenas do que eu absorvi. Entreguei-me como nunca antes o tinha feito, significa isto que já posso dizer "amei"?
Antes também já tinha dito e agora vejo como ainda era inexperiente nos sentimentos.

Como olharei futuramente para esta plenitude vivida, será que algum dia saberei ao certo que nome dar ás emoções sentidas, aos sonhos vividos, ao sorriso profundo que ecoa na ausência da realidade. Será importante?

Apenas sei que muito pouco sei mas decerto não vou deixar de continuar a aprender, não hesitarei ao sentir que uma nova lição se aproxima.
Neste meu percursso duas coisas sempre se mantiveram: o meu racional não consegue dominar o meu instinto e as pessoas envolvidas foram sempre encontradas nos primeiros contactos.

Só uma coisa me parece essencial não deixar que nada, nem ninguém nos faça perder esta vontade de "avançar".

Esta é a Sôfrega, pouco se conclui desta conversa, fica a partilha. Cada um vive o que tem dentro de si como sabe.

ccc

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3.3.04

“…este meu estado actual de alma tem uma causa. Em torno de mim está-se tudo afastando e desmoronando.
Não emprego estes dois verbos no sentido entristecedor. Quero apenas dizer que na gente com quem lido se estão dando, ou se vão dar, mudanças, acabares de períodos de vida, e que tudo isto – como a um velho que vê morrerem em seu redor os seus companheiros de infância, a sua morte parece próxima – me sugere não sei de que misteriosa maneira, que a minha deve, vai, mudar também.
Repare que eu não creio que esta mudança vá ser para pior; creio o contrário. Mas uma mudança, e para mim mudar, passar de ser uma coisa para ser outra, é uma morte parcial; morre qualquer coisa dentro de nós, e a tristeza do que morre e do que passa não pode deixar de nos roçar a alma.”

Bernardo Soares


Este era o texto indicado para a minha primeira publicação, encontrei-o à pouco mas continua a fazer sentido na minha vida e por isso aqui fica. Por vezes as coisas são assim mesmo; cedo demais, tarde demais, só se tem de aprofundar o usufruto possível no momento.
ccc
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Aves agoirentas

"Andam aves agoirentas
Quase a rasarem o chão,
Nunca dizendo que sim,
Dizendo sempre que não.

Mas não tenho mão em mim.
Que importa a voz da razão?
E vou sempre ter contigo
Por mais que digam que não

Os presságios do destino
Ao pé de ti nada são.
Rendição sem condições
Eis a minha rendição.

Mais febris e mais violentas
São as horas da paixão
Quanto maiores as tormentas
Que andaram no coração.

Nos teus olhos há clarões
Da luz que os desejos dão.
E das aves agoirentas
Ficam penas pelo chão."

David Mourão Ferreira
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2.3.04


Um Sorriso por todas as palvras que não estão escritas.

" Para mim o Amor verdadeiro existe quando o coração e a razão se unem, é nesse preciso momento. Eu estou a viver isso e já fiz a minha escolha. O Amor é o prolongamento e a evolução natural de uma amizade verdadeira. Amei poucas vezes porque nunca encontrei verdadeiros Amigos"

RF

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Cartas de Fernado Pessoa

(...) Como escrevo em nome desses três?... Caeiro por pura e inesperada inspiracão, sem saber ou sequer calcular que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberacão abstracta que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. O meu semi-heterónimo Bernardo Soares que aliás em muitas coisas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibicão; aquela prosa é um constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilacão dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de "ténue" à minha, é iqual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer "eu próprio" em vez de "eu mesmo", etc., Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero exagerado. (...) (em 13 de Janeiro de 1935)

Livro do Desassossego por Bernardo Soares

Tem estado na minha mesa de cabeceira a alimentar o meu desassossego. Graças à M. conheci mais um trabalho deste homem fascinante. Então ao ler o que ele fala de si mesmo ainda me deixa mais encantada com a sua mente brilhante. As novas poesias inéditas é o meu livro de eleição, assinado por ele mesmo e acho que com toda a sua afectividade.
Vou deixando alguns extratos "da complexa e torturante obra"(2º as suas palavras).

Bons desassossegos
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"São horas talvez de eu fazer o único esforço de um olhar para a minha vida.
Vejo-me no meio de um deserto imenso. Digo do ontem literalmente fui, procuro explicar a mim próprio como cheguei aqui."

Bernardo Soares
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1.3.04



Chico Buarque


O meu amor

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz



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Running To Stand Still

And so she woke up
Woke up from where she was lyin' still.
Said I gotta do something
About where we're goin'.

Step on a fast train
Step out of the driving rain, maybe
Run from the darkness in the night.
Singing ah, ah la la la de day
Ah la la la de day.

Sweet the sin, bitter the taste in my mouth.
I see seven towers, but I only see one way out.
You gotta cry without weeping, talk without speaking
Scream without raising your voice.
You know I took the poison, from the poison stream
Then I floated out of here, singing
Ah la la la de day
Ah la la la de day.

She walks through the streets
With her eyes painted red
Under black belly of cloud in the rain.
In through a doorway
She brings me white golden pearls
Stolen from the sea.

She is ragin'
She is ragin'
And the storm blows up in her eyes.
She will suffer the needle chill
She's running to stand still.

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Novos links:

Night Writings da Morgatha
Quando a noite tem mais sonhos que estrelas...

gostei imenso da estetica do blog


Conversas Escritas
Acolho as palavras em mim e desenho-as mais tarde em tonalidades ainda nao distintas, ansiosas por se tornarem cores.
N~ao posso deixar de acrescentar que o vitor tem o dom da escrita.Adoro.

Minha Alma
Somewhere out there beneath the pale moonlight...

uma alma muito doce, a da Marta

OITO ou OITENTA
Sabores e Dissabores by Haagen & Dazs
doce visita a esta dupla que promete

5 Minutos
ponto de encontro para partilhar impressões, opiniões e paixões em textos para cinco minutos de leitura
fico bem mais do que cinco minutos



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